Edição 244 – Dez/2002 – Jan/2003 – Revista Petro & Química
Só a ISO 9000 é suficiente?
Flávio Bosco
Paulo Sergio: ISO não detalha aspéctos críticos do equipamento
Recentemente quando lançou seu Programa de Garantia de Qualidade de Materiais e Serviços Associados, a Petrobras deixou bem claro que somente possuir um certificado segundo a ISO 9000 não seria suficiente para estar registrado em seu cadastro de fornecedores. “O sistema ISO avalia os procedimentos voltados para a qualidade. Os aspectos da qualidade voltados para o produto nenhum sistema avalia, e isso só é possível fazer a partir da visão de quem desenvolveu o projeto do equipamento e sabe quais são suas partes críticas”, explica Paulo Sergio Alonso, gerente da Área de Cadastro, Qualificação e Desenvolvimento de Materiais e Novos Fornecedores da Petrobras.

Por outro lado, ter um sistema de gestão da qualidade certificado – de preferência segundo a ISO 9000 – é requisito indispensável para o cadastramento. “Estamos, agora, cobrando requisitos ISO 9000, que consideramos fundamentais, e alguns requisitos adicionais focados na qualidade dos equipamentos”.

Nem a nova edição da ISO 9000 – onde os processos relacionados ao produto e cliente têm maior ênfase – seria suficiente para atender aos anseios da companhia. “O foco no cliente assume uma dimensão maior, mas ainda não atenderia os requisitos. Escolhemos, em um primeiro momento, cerca de 70 classes de equipamentos críticos, que vão impactar o nosso plano de investimentos. Cada equipamento desses tem requisitos particulares. A ISO não detalha, e nem poderia detalhar, aspectos de qualidade focalizados em cada produto”.

O Plano foi lançado em maio de 2002, e prevê a avaliação de pelo menos 300 fornecedores – nacionais e estrangeiros – de equipamentos considerados mais críticos – incluindo desde amarras até árvores de natal molhadas. O objetivo é atingir um padrão de confiabilidade entre os fornecedores. “Percebemos muitas não-conformidades em vários fornecedores”.

O cronograma prevê o envio de questionários e visitas-auditorias, feitas pelos técnicos da companhia. Só em 2003, o programa receberá recursos da ordem de R$ 3,5 milhões, de um total que supera os R$ 25 milhões. “Para proteger US$ 32 bilhões que a Petrobras planeja investir até 2006”, ressalta Paulo Sergio.

Ao final das avaliações e auditorias, a Petrobras terá em mãos uma radiografia dos fornecedores. “Nossas auditorias apontarão as áreas em que o fornecedor precisa evoluir para atingir o padrão exigido pela Petrobras. Não estamos somente cobrando requisitos, mas ajudando o fornecedor a crescer, porque precisamos dele para dar sustentação ao nosso plano de investimentos. O fornecedor vai acabar dando um salto de qualidade, e a Petrobras passará a contar com um fornecedor de classe mundial”.

As novas regras também valem para os novos fornecedores que pretendem participar do cadastro de fornecedores da companhia. ”Para se cadastrar como fornecedor da Petrobras, o fabricante precisa preencher uma série de requisitos de natureza técnica, comerciais e legais. Particularmente de natureza técnica, os dois principais requisitos são: ter um sistema da qualidade implantado – de preferência que seja certificado segundo a ISO 9000 – e ter tradição de fornecimento no mercado”.

O programa de qualificação de fornecedores faz parte de um plano maior, que inclui projetos de desenvolvimento de novos materiais e de fomento à competitividade. “Esse programa está extremamente alinhado com as novas diretrizes do país, de alavancar o desenvolvimento nacional, e dotar o parque fabril de uma instrumentação e capacitação maior”, finaliza o gerente.
Ed. 244 - Dez/002 - Jan/2003
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