Paulo Sergio: ISO não detalha aspéctos críticos
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Recentemente quando lançou seu Programa de Garantia de Qualidade
de Materiais e Serviços Associados, a Petrobras deixou bem claro que
somente possuir um certificado segundo a ISO 9000 não seria suficiente
para estar registrado em seu cadastro de fornecedores. “O sistema
ISO avalia os procedimentos voltados para a qualidade. Os aspectos
da qualidade voltados para o produto nenhum sistema avalia, e isso
só é possível fazer a partir da visão de quem desenvolveu o projeto
do equipamento e sabe quais são suas partes críticas”, explica Paulo
Sergio Alonso, gerente da Área de Cadastro, Qualificação e Desenvolvimento
de Materiais e Novos Fornecedores da Petrobras.
Por outro lado, ter um sistema de gestão da qualidade certificado
– de preferência segundo a ISO 9000 – é requisito indispensável para
o cadastramento. “Estamos, agora, cobrando requisitos ISO 9000, que
consideramos fundamentais, e alguns requisitos adicionais focados
na qualidade dos equipamentos”.
Nem a nova edição da ISO 9000 – onde os processos relacionados ao
produto e cliente têm maior ênfase – seria suficiente para atender
aos anseios da companhia. “O foco no cliente assume uma dimensão maior,
mas ainda não atenderia os requisitos. Escolhemos, em um primeiro
momento, cerca de 70 classes de equipamentos críticos, que vão impactar
o nosso plano de investimentos. Cada equipamento desses tem requisitos
particulares. A ISO não detalha, e nem poderia detalhar, aspectos
de qualidade focalizados em cada produto”.
O Plano foi lançado em maio de 2002, e prevê a avaliação de pelo menos
300 fornecedores – nacionais e estrangeiros – de equipamentos considerados
mais críticos – incluindo desde amarras até árvores de natal molhadas.
O objetivo é atingir um padrão de confiabilidade entre os fornecedores.
“Percebemos muitas não-conformidades em vários fornecedores”.
O cronograma prevê o envio de questionários e visitas-auditorias,
feitas pelos técnicos da companhia. Só em 2003, o programa receberá
recursos da ordem de R$ 3,5 milhões, de um total que supera os R$
25 milhões. “Para proteger US$ 32 bilhões que a Petrobras planeja
investir até 2006”, ressalta Paulo Sergio.
Ao final das avaliações e auditorias, a Petrobras terá em mãos uma
radiografia dos fornecedores. “Nossas auditorias apontarão as áreas
em que o fornecedor precisa evoluir para atingir o padrão exigido
pela Petrobras. Não estamos somente cobrando requisitos, mas ajudando
o fornecedor a crescer, porque precisamos dele para dar sustentação
ao nosso plano de investimentos. O fornecedor vai acabar dando um
salto de qualidade, e a Petrobras passará a contar com um fornecedor
de classe mundial”.
As novas regras também valem para os novos fornecedores que pretendem
participar do cadastro de fornecedores da companhia. ”Para se cadastrar
como fornecedor da Petrobras, o fabricante precisa preencher uma série
de requisitos de natureza técnica, comerciais e legais. Particularmente
de natureza técnica, os dois principais requisitos são: ter um sistema
da qualidade implantado – de preferência que seja certificado segundo
a ISO 9000 – e ter tradição de fornecimento no mercado”.
O programa de qualificação de fornecedores faz parte de um plano maior,
que inclui projetos de desenvolvimento de novos materiais e de fomento
à competitividade. “Esse programa está extremamente alinhado com as
novas diretrizes do país, de alavancar o desenvolvimento nacional,
e dotar o parque fabril de uma instrumentação e capacitação maior”,
finaliza o gerente. |
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