Mesmo figurando entre as 10 maiores
do mundo, a indústria química brasileira precisa superar dois problemas:
aumentar os investimentos e as exportações. Esses temas darão a tônica
do VII Congresso Brasileiro de Petroquímica e II Congresso da Indústria
Química no Mercosul, que acontece de hoje até a próxima quarta-feira,
no Hotel Sofitel, no Rio de Janeiro.
Os diversos painéis que compõem o Congresso irão tratar de medidas necessárias
para que a meta de quadruplicar as exportações e os investimentos químicos
se torne viável. A discussão acontece num momento em que as previsões
sobre o déficit da balança comercial de produtos químicos não são nada
otimistas: o último estudo elaborado pela Associação Brasileira da Indústria
Química - Abiquim previa um déficit superior a US$ 7 bilhões em 2001.
"O momento exige um debate profundo em torno dessas questões", afirma
Guilherme Duque Estrada de Moraes, vice-presidente executivo da Abiquim,
que promove o evento junto com o Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás
- IBP.
Segundo o diretor, além do problema tributário, que não favorece a competitividade
dos produtos brasileiros, outras variáveis agravam a situação do setor,
que precisa aumentar sua rentabilidade para atrair investimentos e aumentar
as exportações.
"É a rentabilidade que determina a atratividade e garante a existência
de recursos próprios para novos projetos", avalia o assessor econômico
da entidade, Arthur Candal. Pelos dados do assessor, a rentabilidade sobre
vendas no país é de 0,56%, bem abaixo da rentabilidade de 4,8% apresentada
nos Estados Unidos.
Além disso, um investimento na indústria química brasileira custa 30%
a mais do que nos EUA. "Por isso que o capital estrangeiro vai para os
setores bancário, de telecomunicação e energia", considera Candal.
Pela perspectiva traçada por Arthur Candal, a indústria química precisa
aumentar as exportações para 12%. "Quando o presidente Fernando Henrique
disse que a saída era exportar ou morrer, ele não sabia o quanto estava
certo".
Segundo Duque Estrada, a indústria química mundial vem crescendo a uma
taxa de 9% ao ano, muito superior à do comércio total de mercadorias.
Isso vem acontecendo sistematicamente nos últimos 20 anos e, em 1998,
o setor já respondia por 9,5% do comércio internacional. Com base nas
estatísticas mundiais, estima-se que o Mercosul possa fazer crescer suas
exportações semelhante à taxa de 12% alcançada nas quatro economias que
tiveram alto crescimento a partir de 1980: China, Coréia do Sul, Taiwan
e México. (FB)
|