São Paulo, 18 de maio de 2016

Novo patamar de preços do petróleo exige ajustes de orçamentos

 

As agências internacionais vêm projetando o aumento nos preços do petróleo com o reequilíbrio entre a oferta e a demanda. Atualmente o barril vem sendo negociado por US$ 47, após ter passado os três primeiros meses do ano abaixo de US$ 40. Mas dificilmente passará de US$ 80 – especialistas têm projetado que os preços do barril subam para um intervalo entre US$ 60 e US$ 70. “Conjunturalmente podemos ver algum pico para cima ou para baixo, porque o petróleo é uma commodity muito sensível à geopolítica. O aumento dos preços registrado nos últimos dias tem entre suas razões o incêndio no Canadá e a explosão de um oleoduto na Nigéria”, observa o secretário-geral do Instituto Brasileiro do Petróleo, Milton Costa Filho.

O executivo apresentou uma palestra sobre oportunidades e desafios da indústria de petróleo no Brasil na Feira Internacional da Mecânica – que abrigou a Santos Offshore deste ano.

Impulsionado pela demanda de energia nos países emergentes, o barril do petróleo passou quase uma década negociado acima de US$ 100. Há dois anos os preços começaram a declinar com o enfraquecimento da demanda e o excesso de oferta, afetando os orçamentos das empresas de petróleo. De 2014 para 2015, os investimentos globais em exploração e produção recuaram 26%. “Tudo o que cabia em US$ 100 não cabe em US$ 40. Então as empresas têm que ajustar”, enfatiza Milton.

No Brasil, apesar de todo potencial geológico, a queda nos investimentos foi ainda maior – 42%, segundo os dados apresentados pelo executivo. Além dos problemas enfrentados pela Petrobras e da crise política, o volume de investimentos reflete a escassa oferta de novas áreas para exploração de petróleo – entre 2009 e 2012, quando o petróleo era cotado entre US$ 100 e US$ 120, a Agência Nacional de Petróleo não realizou nenhuma rodada de licitações. Milton comparou o volume de investimentos aportados no Brasil e nos EUA entre 2005 e 2014: até 2008, as petroleiras investiam mais no Brasil. A virada ocorreu justamente quando o país deixou de ofertar novas áreas exploratórias – em 2014, com o pico nos preços do petróleo, as empresas investiram quase US$ 140 bilhões nos EUA. “Temos um potencial para capturar entre 7% e 10% dos investimentos globais – cerca de US$ 73 bilhões. Apenas temos que criar as condições de atrair os investimentos”.

O Brasil detém atualmente a 15ª maior reserva e ocupa a 13ª posição no ranking dos maiores produtores de petróleo, com 2,2 milhões de barris por dia. As reservas do pré-sal podem fazer o Brasil subir seis posições. A Agência Internacional de Energia prevê que em 2040 o Brasil esteja produzindo 5,4 milhões de barris por dia.

Apenas a área de Libra, com reservas de 12 a 14 bilhões de barris, deve exigir US$ 200 bilhões em investimentos ao longo de 35 anos. “Hoje a palavra de ordem na indústria é competitividade – temos que desenvolver os projetos com o menor custo possível e a maior eficiência possível, porque senão as contas não fecham”.

A Agenda Prioritária, criada pelo próprio IBP, aponta alguns gargalos que precisam ser superados para transformar o potencial em investimentos – entre os pontos destacados pelo secretário executivo estão a correção da política de conteúdo local, o fim da operação única no pré-sal, a estabilidade regulatória e tributária, agilidade nos licenciamentos ambientais, a criação de um calendário de rodadas de licitação e o desenvolvimento do gás natural.

 
 
 

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