São Paulo, 19 de Julho de 2012

Chevron poderia ter evitado vazamento, avalia ANP


 

 

O vazamento no Campo de Frade, na Bacia de Campos, em novembro do ano passado, não teria ocorrido caso a Chevron tivesse seguido os procedimentos previstos na regulamentação e em seu próprio manual de procedimentos. É o que aponta o relatório final divulgado pela Agência Nacional do Petróleo O relatório de 68 páginas também se refere ao vazamento de 3,7 mil barris de óleo resultantes de um kick seguido de um blowout e exsudação do petróleo. A Chevron preferiu se defender através de uma nota oficial, na qual garante que "sempre atuou de forma diligente e apropriada, de acordo com as melhores práticas da indústria do petróleo, assim como em conformidade com o Plano de Desenvolvimento aprovado pela agência". O relatório aponta que a Chevron não foi capaz de interpretar corretamente a geologia e a fluidodinâmica do reservatório, apesar de já haver 62 poços perfurados no Campo de Frade – esse erro levou a uma estimativa incorreta no modelo de pressão do reservatório.

Segundo a Agência, a própria Chevron elevou artificialmente a pressão do trecho do reservatório N560 onde houve o kick para patamares entre 4.003 psi e 4.176 psi, através do poço injetor 8-FR-29D-RJS, criando assim as condições para o acidente. A empresa também desconsiderou os resultados de testes de resistência de formação de três poços perfurados na mesma região – o projeto que foi utilizado para o poço 9-FR-50DP-RJS teria se mostrado inviável se a Chevron tivesse utilizado os dados disponíveis de poços de correlação. Outra falha foi não ter considerado seu próprio manual de controle de poços, utilizando incerteza de pressão inferior. O assentamento da última sapata a apenas 600 metros do leito marinho e a exposição das formações abaixo da sapata aumentaram os riscos de exsudação de óleo.

A Chevron também deixou de executar uma análise de riscos em conformidade com a regulamentação brasileira e não utilizou seus procedimentos próprios de gestão de riscos – segundo o relatório, nas primeiras tentativas de controlar o poço, a Chevron se utilizou de técnica inadequada para a situação, e demorou dois dias para perceber que estava em uma situação de underground blowout, o que aumentou o tempo de vazamento. O valor das multa pelas 25 irregularidades será divulgado em até 30 dias – mas não deve ultrapassar o limite de R$ 50 milhões. Um segundo processo, relativo ao afloramento de óleo ocorrido em março deste ano, ainda está em andamento. A ANP ainda que estuda o pedido da Chevron para voltar a produzir no Campo de Frade – a petroleira continua impedida de perfurar enquanto não provar que pode evitar os erros apontados no relatório.



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