As industrias químicas estão assistindo um aquecimento
na demanda interna. A observação foi feita pelo vice-presidente
da Abiquim, José de Freitas Mascarenhas, durante a apresentação
do Relatório de Valor Adicionado do setor químico
brasileiro.
As margens, no entanto, continuam reprimidas - devido principalmente
aos aumentos nos preços do petróleo. "Quando
o mercado não cresce, fica mais complicado repassar aumentos
de preços. Mas com esse crescimento, as empresas conseguem
repassar parte desse aumento", observa Mascarenhas, ao avaliar
o aumento nos preços dos produtos.
Em 2003, sem crescimento do mercado, o valor adicionado do setor
químico caiu 6,9 pontos percentuais em relação
a 2002.
Na avaliação do vice-presidente da Abiquim, o crescimento
do mercado brasileiro ainda não é suficiente para
estimular novos investimentos. Os principais problemas do setor
são os preços das matérias-primas, a carga
tributária e a volatilidade do câmbio.
"A carga tributária nos diferencia de nossos concorrentes.
A impressão é que as empresas estão ganhando
mais, mas grande parte desse ganho vai para o governo", explica
Mascarenha.
Em 2003, a maior parcela do valor adicionado pelo segmento de produtos
químicos de uso industrial foi destinada à remuneração
do governo - 38,3%.
Já a parcela paga ao sistema financeiro - via juros - caiu
de 61,4% para 25,3%, principalmente em decorrência da redução
do endividamento na maioria das empresas e da valorização
do real frente ao dólar.
As vendas internas de produtos químicos vêm mostrando
uma reação positiva: nos cinco primeiros meses do
ano, as vendas internas estão 10,12% maiores do que as realizadas
em igual período de 2003. Só em maio, houve aumento
de 13,13% em relação a abril.
A produção de químicos cresceu 3,37% em maio,
na comparação com abril, e 16,11% em relação
a maio de 2003. Os produtos intermediários para resinas termofixas
e solventes industriais foram destaques. Nos últimos 12 meses,
a produção física do setor químico aumentou
4,25%. em relação a igual mês de 2003.
De janeiro a maio, as exportações somaram US$ 2,1
bilhões, 16,1% mais em relação ao mesmo período
de 2003. Em volume, as vendas ao mercado externo cresceram 3,5%,
chegando a 2,8 milhões de toneladas.
No mesmo período, as importações brasileiras
de produtos químicos aumentaram 24,4%, superando o valor
de US$ 5 bilhões. Em volume, as importações
chegaram a 8,2 milhões de toneladas, com aumento de 25,2%
em comparação ao período janeiro a maio de
2003.
No mês de maio, o Brasil importou US$ 987 milhões e
exportou US$ 456,6 milhões em produtos químicos. Na
comparação com abril, as importações
aumentaram 9,8% e as exportações cresceram 11%.
No acumulado do ano, o déficit da balança comercial
brasileira de produtos químicos é ligeiramente superior
a US$ 2,93 bilhões, 31% mais em comparação
ao mesmo período de 2003. Segundo José Mascarenhas,
o aquecimento do mercado interno reduz as exportações
da indústria local e aumenta as importações
de químicos.
O aumento na demanda, no entanto, ainda não cria um clima
propício para novos investimentos. "O quadro geral da
industria ainda não apresenta fatores favoráveis ao
retorno ao investimento", finaliza Mascarenhas.
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