Revista Petro & Química
Edição 364 • 2015

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A vez das pequenas
Além dos tradicionais protestos dos petroleiros, a 13ª Rodada teve também grupos de etnias indígenas protestando contra a exploração de gás não convencional. Desta vez, os manifestantes tiveram acesso à área onde é realizada a licitação.
 
 
Sem concorrência das grandes petroleiras, pequenas e médias se destacam na 13ª Rodada
 

Pela primeira vez em que a Petrobras e as grandes petroleiras não fi zeram nenhuma oferta em uma Rodada de Licitações, a participação das pequenas e médias foi o destaque.

A Queiroz Galvão Exploração & Produção investiu R$ 100 milhões para arrematar duas áreas na Bacia de Sergipe Alagoas, e a PGN aumentou seu portfólio na Bacia do Parnaíba, onde já produz gás natural.

Mesmo assim, 229 dos 266 blocos ofertados encalharam. 17 empresas – 11 nacionais e seis estrangeiras – arremataram 35 áreas em terra e duas áreas offshore. É o pior resultado desde a 5ª Rodada, realizada em 2003, quando 807 dos 908 blocos ofertados não despertaram interesse. É também uma das menores arrecadações com bônus de assinatura e o menor investimento previsto em se tratando de Programa Exploratório Mínimo.

Na avaliação da diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Magda Chambriard, a queda nos preços do barril de petróleo já prenunciava um resultado modesto. Mas o saldo poderia ser melhor se a Petrobras entrasse na disputa. “as empresas buscam parcerias com a Petrobras. Estou na ANP há 13 anos e já perdi as contas de quantas vezes recebi executivos de empresas estrangeiras dizendo que queriam ser o best friend da Petrobras”, disse Magda.

A Petrobras emitiu um comunicado ofi cial para justifi car que optou por não adquirir nenhuma nova concessão após a análise técnica e econômica dos blocos ofertados – que não se mostraram vantajosos para seu portfólio. “A decisão também atende à maior disciplina de gestão do nosso capital, sinalizada com a redução das metas de investimentos e os cortes em custos gerenciáveis. Estas medidas fazem parte da nossa estratégia para reduzir a alavancagem e melhorar a rentabilidade”, informou o comunicado.

Para o diretor do Instituto Brasileiro do Petróleo, Antônio Guimarães, a decisão das outras petroleiras em não adquirir novas concessões nessa Rodada pode ser justifi cada na baixa atratividade geológica das áreas. “Qualquer bloco do pré-sal é mais interessante”. Mesmo assim, reconhece que nas atuais condições não seria fácil atrair o interesse das petroleiras. “O modelo traz limitações que não maximizam o potencial de venda dessas áreas”.

A oferta de blocos mais atrativos, no entanto, foi vetada pelo governo.

A PGN adquiriu seis áreas na Bacia do Parnaíba – sendo duas em parceria com a GDF Suez e duas com a BPMB Parnaíba. Na mesma Bacia, a OP Energia arrematou três áreas.

Imetame, Tarmar, Geopark, Alvopetro e UTC optaram por áreas nas Bacia do Recôncavo e Potiguar. Em comum, a estratégia de aumentar o portfólio em áreas já conhecidas. Os blocos adquiridos pela Imetame na Bacia do Recôncavo estão localizados próximos de outras concessões já declaradas comerciais – e a empresa está investindo em uma usina termelétrica no polo de Camaçari/BA.

A aposta da PGN está na fórmula gas-to-wire – produção de gás integrada à geração termelétrica, já em operação no Maranhão. “Os blocos que temos hoje já são sufi cientes para atender à demanda das usinas térmicas. A ideia é diversifi car tanto a base de clientes como de parceiros”, afi rmou o presidente da PGN, Pedro Zinner.

A Queiroz Galvão Exploração & Produção apostou no potencial das áreas de águas profundas da Bacia Sergipe-Alagoas. “Nossa lógica é tentar reduzir o risco de nosso portfólio e ter uma melhor alocação de capital”, justifi ca o presidente da QGEP, Lincoln Guardado. Devido aos indícios anunciados pela Petrobras em águas ultraprofundas, essa Bacia era considerada entre as mais promissoras – mas a QGEP arrematou as duas áreas com oferta única.

A falta de interesse para os blocos das Bacias de Campos e Espírito Santo surpreendeu a ANP. Também não houve oferta pelos blocos das bacias de novas fronteiras – Camamu Almada, Amazonas, Pelotas e Jacuípe. “Isso mostra que geologia não é uma ciência exata. O mercado teve uma interpretação diferente – do contrário, o bloco que tinha maior bônus de assinatura teria sido vendido. Mas isso não quer dizer estamos errados ou que as empresas estão erradas. Mas apenas que, com os mesmos dados, equipes de geólogos enxergam oportunidades de forma diferente”, justifica Magda, afi rmando que a Agência irá agora analisar os pontos negativos da Rodada.

O resultado dessa Rodada, pelo menos, é um incentivo à venda de campos marginais sob concessão da Petrobras.

 
 


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