Revista Petro & Química
Edição 363 • 2015

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A dieta da Petrobras
 
Investimento da Petrobras é 13% menor no primeiro semestre de 2015. Projetos para ampliar a produção de petróleo e gás são priorizados em novo Plano de Negócios.

No primeiro semestre de 2015, a Petrobras investiu R$ 36,2 bilhões. O valor é 13% menor do que os desembolsos realizados na primeira metade do ano passado. 78% dos recursos foram concentrados nas atividades de Exploração e Produção no Brasil. Essa fotografi a resume bem o Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, que está orçado em US$ 130 bilhões – 37% menor que o Plano de Negócios 2014-2018 – e que também priorizou os projetos de exploração e produção. Se não ocorrer em outros contratempos, em 2020 a companhia deverá estar produzindo 2,8 milhões de barris por dia nos campos nacionais. Pelas projeções da própria Petrobras, é um volume bem próximo do que será demandado caso o consumo de gasolina, diesel e outros derivados cresça 1,6% ao ano.

Esse volume já deveria estar sendo extraído este ano – pelo menos essa era a meta traçada em 2006. Quase nada saiu como planejado. O cronograma de construção das plataformas atrasou, os preços de realização do diesel e da gasolina foram usados pelo governo para controle da infl ação, a corrupção dilapidou R$ 6,2 bilhões de seus cofres e os planos de crescimento elevaram a sua dívida para 4,6 vezes a sua geração de caixa. Para assegurar a sua sobrevivência, a Petrobras tem agora que dar alguns passos atrás. Só cortar o orçamento, que voltou aos patamares de 2008, não será sufi ciente – ela também precisará vender parte de seus ativos, para arrecadar US$ 58 bilhões.

Até 2020 estão previstas a entrada em operação de 20 plataformas. 15 estão em construção – outras cinco ainda serão contratadas.

O afretamento de FPSOs para as áreas de Sépia e Libra, cada uma com capacidade para produzir 180 mil barris/dia, também já está na fase de licitação. “Metade da produção projetada para 2020 – 1,4 milhões de barris por dia – estará associada a esses sistemas novos”, destacou o gerente-executivo de Estratégia Corporativa da Petrobras, Antônio Castro, durante a apresentação do Plano de Negócios.

Este ano a Petrobras pretende interligar 72 poços – no primeiro semestre, já foram interligados 39 poços – e duas novas plataformas, já em operação em Papa Terra e no campo de Iracema Norte.

Outra meta é manter em 700 mil barris/dia a queda de produção dos sistemas em produção.

Somada a produção nos campos localizados no exterior, a meta de produção de petróleo para 2020 é de 3,7 milhões de barris por dia.

Onde a tesoura cortou

Para desenhar o novo plano, a companhia considerou que o barril de petróleo se mantenha em US$ 60 neste ano, e em US$ 70 de 2016 a 2019. Oito plataformas foram cortadas – os projetos de produção em águas profundas do Espírito Santo e de Sergipe e das áreas de Carcará, Júpiter e Florim, no présal, estão fora dos investimentos previstos até 2020.

A Petrobras acompanha um movimento forçado pela acentuada queda do petróleo a partir do segundo semestre de 2014, que levou a uma corrida das empresas para conter gastos e adiar projetos. A conclusão do Comperj depende agora de um parceiro – que a Petrobras ainda procura. Apenas a central de utilidades da unidade deve ser concluída até outubro de 2017 para permitir o início de operação da Unidade de Processamento de Gás Natural que receberá o gás extraído do pré-sal. O orçamento da Área de Abastecimento foi fechado em US$ 11,5 bilhões, a maior parte em manutenção e US$ 1,4 bilhão para a conclusão da Refi naria Abreu e Lima - Rnest. A unidade de fertilizantes nitrogenados - UFN V foi hibernada.

“A companhia, diante de um cenário bastante favorável em anos anteriores, fez determinadas projeções que acabou gerando uma dívida extremamente elevada, que nos colocou em uma situação de desconforto. Mas diante das rotas de correção, e diante dessa nova realidade, temos a capacidade de fazer esse plano robusto ser realizado, colocar a companhia em uma nova situação”, afi rmou o presidente da Petrobras, Ademir Bendine.

Até o fi m de 2016 a Petrobras quer arrecadar US$ 15,1 bilhões com a venda de campos maduros, gasodutos, termelétricas, postos de combustíveis e participações nas petroquímicas e usinas de etanol – o presidente da empresa evita comentários sobre os ativos à venda, para não depreciar seu valor. Mas a venda de 25% da BR Distribuidora já foi aprovada pelo Conselho de Administração. Também foi colocada a venda a plataforma P-34. O plano é considerado ambicioso justamente por ser apresentado em um momento em que Chevron, Shell, Total e Eni também anunciam a venda de ativos.
 
 
 


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