Edição 358 • 2014

A aposta no pré-sal

Construção dos módulos da P-68 e da P-69 no estaleiro Brasfels
 
O pré-sal, que responde atualmente por um de cada cinco barris extraídos, O pré-sal, que responde atualmente por um de cada cinco barris extraídos, representará metade da produção nacional já em 2020
Quatro plataformas instaladas na Bacia de Santos e mais alguns poços nas Bacias de Campos e Espírito Santo extraem diariamente 480 mil barris do pré-sal – uma média de 14 mil barris por poço. O FPSO Cidade de São Paulo, que está instalado no campo de Sapinhoá, produz 120 mil barris por dia com apenas quatro poços interligados, enquanto a P-52 – a plataforma de maior produção do país, instalada no campo de Roncador – extrai 133 mil barris através de 14 poços.

“Outra coisa extremamente importante está associada ao custo de extração com o qual temos sido capazes de produzir esse óleo do pré-sal. Um exemplo é o custo de extração no campo de Lula: em torno de US$ 9 por barril. O custo médio de extração da Petrobras, de US$ 14,76 por barril de óleo equivalente, também está sendo bastante influenciado pela entrada dos postos de alta produtividade do pré-sal”, ressalta o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli.

Faz todo o sentido aplicar o máximo de recursos no présal – onde os poços são 12 vezes mais produtivos do que os perfurados na Bacia de Campos, ainda a maior região produtora do país, com dois terços dos barris produzidos.

O petróleo extraído no pré-sal tem compensado o declínio médio de 10% na produção da Bacia de Campos. Nos últimos anos, a produção interna estacionou em 2,1 milhões de barris por dia – apenas em junho deste ano a Petrobras conseguiu romper a barreira dos 2,2 milhões de barris por dia. Os esforços com o Programa de Eficiência Operacional - Proef elevaram a eficiência das plataformas mais antigas, mas o volume adicionado – 55 mil barris diários no início A aposta no pré-sal deste ano – representa pouco mais de 2% do total. Excluindo os volumes produzidos no pré-sal, a produção se iguala aos índices registrados em 2005, um ano antes de o país atingir a autossuficiência.

Mantida essa taxa de declínio dos campos maduros, a Petrobras precisaria repor a cada ano cerca de 500 mil barris diários à sua produção para alcançar os 4,2 milhões de barris por dia em 2020. Procurar novas reservas não será problema: a área do pré-sal ainda em avaliação – incluindo Libra e os campos da cessão onerosa – tem potencial para mais que dobrar o volume de reservas do país – atualmente em 15,6 bilhões de barris. Extrair todo esse petróleo, no entanto, está longe de ser uma tarefa fácil – técnica e financeiramente. Em Libra serão necessárias pelo menos 12 plataformas e para os campos localizados na área da cessão onerosa – Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi – outras 15.

Antes, a Petrobras e seus sócios colocarão 14 plataformas em operação no pré-sal da Bacia de Santos – nos campos de Iracema, Lula, Sapinhoá, Iara, Lapa, Carcará e Júpiter. Para esses projetos, só a Petrobras programou US$ 82 bilhões – 60% do que irá gastar com exploração e desenvolvimento da produção nos próximos cinco anos. Se todos forem executados no prazo, em 2020 esses campos representarão 53% da produção nacional, com 2,2 milhões de barris por dia.

A companhia também terá que se livrar dos atrasos nos cronogramas de operação das plataformas – este ano, duas unidades iniciaram a produção pelo menos dois meses depois do previsto. Parte dos novos projetos foi contratada aos estaleiros chineses. E as encomendas mais recentes priorizaram afretamento em vez da compra de unidades – os custos não chegam a ser muito diferentes quando comparados com o investimento inicial e os gastos com operação de uma unidade própria: os contratos de afretamento dos FPSOs Cidade de Paraty (US$ 4,4 bilhões), Cidade de Ilhabela (US$ 5,2 bilhões) e Cidade de São Paulo (US$ 4,2 bilhões) estão abaixo dos gastos com a P-58 (US$ 5,4 bilhões).

Sexto maior produtor mundial em 2035

Somando a demanda de plataformas que entrarão em operação até 2020 com as unidades que serão instaladas na área de Libra e para produzir os excedentes da cessão onerosa, em dez anos o número de plataformas instaladas no país dobrará. Segundo o estudo “Ressurgimento da Indústria Naval no Brasil (2000-2013)”, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, as encomendas de embarcações garantem demanda para os estaleiros pelos próximos 25 anos. O último mapeamento do BNDES estima que até 2017 a cadeia de petróleo e gás receberá R$ 488 bilhões – atualmente o setor representa 13% do Produto Interno Bruto.

As expectativas contrastam com a situação vivida atualmente pela cadeia de fornecedores, que sente os efeitos da estagnação nas encomendas da própria Petrobras – vários deles pediram recuperação judicial após meses tentando resolver problemas financeiros. O diretor da consultoria especializada na busca e seleção de executivos Asap Recruiters, Karim Warrak, aposta que a desaceleração nos últimos meses deve ser superada em 2015. Warrak destaca que a demanda por profissionais qualificados já começa a apresentar incremento. “As expectativas das empresas estão voltadas a perfis profissionais que apresentem competências consideradas fundamentais, como saber lidar com pressão, ser analítico, organizado e ter flexibilidade”.

O crescimento da produção não depende apenas do início de operação de novas plataformas, mas também da interligação de novos poços – no primeiro semestre, a Petrobras interligou 30 novos poços produtores, e até o final do ano prevê outros 33. A frota de barcos de apoio aumentou para 14 PLSVs – e até o final do ano ganhará mais cinco embarcações necessárias para interligar os poços às plataformas. Três novas plataformas entrarão em operação ainda em 2014: o FPSO Cidade de Ilhabela, na área de Sapinhoá Norte, o FPSO Cidade de Mangaratiba, na área de Iracema Sul, e a TLWP P-61, no campo de Papa-Terra.

A Agência Internacional de Energia - IEA coloca o Brasil como o sexto maior produtor mundial em 2035, com uma produção diária de 5,7 milhões de barris diários. Trata-se do maior avanço entre os países que não integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo - Opep segundo o estudo “Perspectivas da Energia Mundial 2012” – esse estudo também aponta que a demanda mundial de petróleo, de 87,4 milhões de barris diários em 2011, deverá atingir 99,7 milhões de barris/dia em 2035, e coloca os EUA como maior produtor mundial graças à exploração crescente de tight oil.

O déficit da conta petróleo ainda é um dos vilões da balança comercial brasileira. Apenas em julho, importação de petróleo, combustíveis e lubrificantes somou US$ 4,89 bilhões segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior - Secex. Em um mês o país exportou 3,91 milhões de toneladas, garantindo uma receita de US$ 2,6 bilhões, enquanto a venda de derivados movimentou 545,4 mil toneladas e receita de US$ 336,6 milhões. Se as projeções da IEA se concretizarem, daqui a duas décadas o Brasil terá um excedente de exportação superior a 1,5 milhão de barris por dia.
 
 
  • FPSO Cidade de Mangaratiba: operação agendada para o fi nal do ano
 

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xploração e Produção: a
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