MATÉRIA DE CAPA Edição
252 - Setembro de 2003
|
O grande salto
por Flávio Bosco |
Plataforma auto-elevatória no litoral
do Maranhão
|
|
No ínicio dos anos 70, o PIB crescia a taxas superiores
a 10% ao ano, impulsionando o consumo de derivados. Como responsável
pelo abastecimento nacional, a Petrobras viu-se diante da necessidade
de investir em aumento da capacidade de refino.
Com a missão de contribuir para o desenvolvimento do país,
comercializando, distribuindo e industrializando derivados de petróleo
e outros produtos, em 1971, a Petrobras cria, então, a subsidiária
Petrobras Distribuidora BR. A empresa era responsável
por 21% do mercado. Em 1975, se tornou líder no segmento
de distribuição de derivados de petróleo
posição que nunca mais perdeu.
Mas, da década de 1970, o que o mundo do petróleo
traz na memória são os dois grandes choques, que resultaram
em um aumento de mais de 1.000% nos preços internacionais
do petróleo e fizeram a companhia redirecionar seus
esforços ao upstream.
Sofríamos, importando entre 80% e 85% do petróleo
que consumíamos, o que era sufocante para a economia nacional.
Na década de 1950, exportando um saco de café, tinhamos
condições de comprar 50 barris de petróleo.
Quando veio a primeira crise do petróleo, com um saco de
café mal comprávamos cinco barris. E com a segunda
crise, um saco de café comprava um barril e meio, conta
o ex-presidente da Petrobras, Shigeaki Ueki.
A primeira crise internacional do petróleo foi desencadeada
em 1973 por força da guerra do Yon Kippur, entre Israel e
seus vizinhos árabes, e afetou o desenvolvimento da economia.
Os árabes tomaram como pretexto a guerra e, em uma represália
ao apoio do Ocidente à Israel, o preço do barril saltou
de US$ 3 para US$ 12, permanecendo neste nível até
1978. Fundada na década de 60 por Arábia Saudita,
Irã, Iraque, Kuwait e Venezuela, a Opep toma notoriedade
a partir desse embargo.
Em 1979, ocorreu o novo choque, dessa vez motivado pela revolução
islâmica que retirou temporariamente o Irã do mercado
internacional, e os preços chegaram a US$ 34, oscilando em
torno deste patamar nos cinco anos seguintes, quando vieram as crises
de superprodução e a derrubada dos preços.
A turbulência não se resumia apenas aos preços,
mas também à garantia do suprimento.
Quando ocorreu a primeira crise, o consumo de petróleo
passou a ser mais racional. Os motores de automóveis e aviões
passaram a consumir menos. A segunda crise do petróleo foi
motivada por um quadro político desfavorável no Oriente
Médio, lembra Shigeaki Ueki.
O Brasil via nascer, neste cenário, o Programa Nacional do
Álcool Próalcool, com o objetivo de ampliar
as fontes alternativas de energia para fazer frente à crise
do petróleo. Os investimentos se estenderam para o setor
energético buscando um programa que implantasse o álcool
carburante como combustível substituto da gasolina, ao mesmo
tempo em que se desencadeava uma campanha de racionamento de combustíveis.
Na segunda crise, o Próalcool já tinha um peso
relativamente grande, ajudava muito.
Quase 90% do petróleo consumido no país era importado
principalmente do Oriente Médio o que afetava
dramaticamente a balança comercial do país. Em meio
à crise mundial, o Brasil descobre o campo marítimo
de Ubarana, na porção marítima da bacia Potiguar,
e o campo de Garoupa, na Bacia de Campos, em 1974.
Diante desse quadro, o ex-presidente da Petrobras, agora na presidência
da República, Ernesto Geisel, propõe um projeto de
abertura: os contratos para a prestação de serviços
de exploração e produção com risco,
possibilitando a associação da Petrobras com empresas
internacionais com a promessa de trazerem aportes financeiros
significativos para o país. Por razões compreensíveis
a Bacia de Campos e a Bacia do Alto Amazonas onde seria descoberto
o campo de Juruá não estavam disponibilizadas
para esses contratos.
|
Plataforma no Campo de Garoupa
|
|
Mais de cem contratos de risco foram assinados a partir de 1976,
permitindo a presença de empresas estrangeiras Shell,
Exxon, Texaco, BP, Elf, Total, Marathon, Conoco, Hispanoil, Pecten,
Pennzoil e companhias brasileiras interessadas nas descobertas
recém-realizadas na porção terrestre da Bacia
Potiguar. Nesse mesmo ano, Arábia Saudita, Kwait e Venezuela
nacionalizavam as concessões das companhias estrangeiras.
Embora os resultados tenham sido modestos, a participação
de outras empresas auxiliou na avaliação de áreas
ainda inexploradas. De concreto, apenas uma descoberta do campo de
gás de Merluza, na Bacia de Santos, feita pela Pecten (Shell)
em 1981, e alguns campos na Bacia Potiguar, pela Azevedo e Travassos,
em 1985.
Neste cenário, o Governo Paulista de Paulo Maluf promoveu um
dos episódios mais polêmicos de sua carreira: a criação
da Paulipetro. Em 1979, instituiu o consórcio com o objetivo
de explorar petróleo na Bacia do Paraná e achou água
foram gastos cerca de US$ 500 milhões sem que nenhum
óleo fosse descoberto.
A Paulipetro é tida como um capítulo à parte
na história dos contratos de risco. Seja por pressão
política ou por embasamento técnico, a campanha da empresa
foi agressiva. Responsável pelo maior investimento feito durante
aquele período, a Paulipetro fechou contrato para operar 27
blocos na Bacia do Paraná. A CPRM/SP atuou na cartografia de
vários blocos e na análise morfo-estrutural de semidetalhe
nos Estados de São Paulo e Paraná, participando também
as Superintendências Regionais de Salvador e de Goiânia.
Entre 1980 e 1983 a empresa perfurou 33 poços em 20 blocos.
A campanha acabou resumida a uma única descoberta subcomercial,
feita a partir de uma perfuração na região de
Cuiabá Paulista / SP. Quando suas atividades foram interrompidas
pelo então governador Franco Montoro, a Paulipetro perfurava
um poço em Rio Vorá que anos depois confirmou
a presença de indícios de gás.
A vinda das maiores empresas estrangeiras revelou que a geologia
brasileira é complicada. E isso serviu, de certa forma, para
resgatar a imagem da Petrobras que não era ineficiente,
como diziam, lembra Ueki.O artigo 177 da Constituição
Federal promulgada em 1988 extinguiria definitivamente a participação
privada na exploração de petróleo no Brasil.
Constitucionalizaram o monopólio da União, que
era Lei, em 1988, lembra o consultor David Zylberstajn.
Braspetro
Com o decisivo avanço para o mar e no rastro do primeiro choque
do petróleo, surge, em 1972, a Braspetro, braço internacional
da Petrobras, na tentativa de buscar, no exterior, o petróleo
não encontrado internamente seguindo aí outra
recomendação do Relatório Link. Fomos para
vários países do mundo com dois objetivos: obviamente
buscar retorno do capital investido, e capacitar nossos geólogos,
geofísicos e engenheiros de petróleo. A criação
da Braspetro, que foi duramente criticada, teve o mérito de
ganhar dinheiro, e ao mesmo tempo uma grande escola para nossos profissionais,
comenta Shigeaki Ueki.
Nos cinco primeiros anos de atuação da empresa, a magnitude
das descobertas realizadas no Iraque (campos de Majnoon e Nahr-Umr),
totalizaram reservas recuperáveis estimadas em dez bilhões
de barris de óleo. A Braspetro deu início aos trabalhos
de delimitação do campo mas, em 1979, a Petrobras terminou
o contrato com a Iraq National Oil Company Inoc.
O sucesso exploratório conseguido pela Braspetro propiciou-lhe
grande prestígio internacional, e a subsidiária passou
a ser procurada por grandes companhias para operações
conjuntas. Em seus mais de 30 anos, a Braspetro passou por 32 países.
Por ocasião da nacionalização das multinacionais
que operavam no Iraque sob regime de concessões, a Petrobras
fora a primeira companhia a adquirir petróleo proveniente do
campo de Rumaila, localizado no sul do Iraque embargado após
processo movido pela BP, que fora desapropriada.
Como importante cliente das companhias estatais dos países
da Opep, a Petrobras conseguia manter o abastecimento do mercado brasileiro
resultado de anos de bom relacionamento. Já ao
final da década de 1960, estava se desenhando uma tendência
de os países produtores terem uma posição cada
vez mais importante porque, até então, só as
famosas sete-irmãs mandavam. Uma alternativa que
abraçamos, e que foi um sucesso, foi de aproximação
com as companhias dos países produtores, o que gerou esse processo
de Braspetro ir ao Iraque, conta Armando Guedes Coelho, então
diretor de comercialização da Petrobras.
Essa estratégia de se aproximar das companhias estatais dos
países produtores garantiu até mesmo o abastecimento
em tempo de crise. O Brasil talvez foi o único país
no mundo que não teve racionamento. E o Brasil importava 80%
do petróleo que consumia, completa o executivo.
A atitude em relação ao Iraque elevou o prestígio
do Brasil e da Petrobras esse foi o motivo principal do contrato
de risco assinado com a Inoc, em Basra. Mas as cláusulas envolvendo
prazos e as condições econômicas eram extremamente
rígidas.
Mesmo assim, a Petrobras iniciou a perfuração exploratória,
descobrindo, na região norte da cidade de Basra, o campo de
Majnoon que permaneceu por duas décadas como a maior
descoberta de petróleo do mundo a partir de 1976. Após
algumas perfurações de extensão em Nahr Umr,
constatou-se que o campo se ligava nos horizontes mais profundos,
em uma única estrutura, com o campo de Majnoon.
Mas o presidente Shigeaki Ueki ouviu sua diretoria e definiu concentrar
todos os recursos para o desenvolvimento da recém descoberta
Bacia de Campos. A área já era cobiçada pelo
Irã que não reconhecia como território
iraquiano. Além disso, o governo do Iraque já queria
rever as condições contratuais. Se tivéssemos
comprometido crédito da Petrobras para investir no Iraque,
tocando um projeto de bilhões de dólares na construção
da unidade de xisto e ainda querer descobrir petróleo em Campos,
seria muita coisa. Fizemos a negociação para saída
com certo êxito. Na época, fui criticado. Havíamos
descoberto uma grande reserva que se aproximava dos 10 bilhões
de barris e, no Brasil, nossas reservas eram de um bilhão de
barris. Seis meses depois começou a guerra Irã X Iraque,
e ninguém mais criticou a decisão.
Em meio a essa história, surge um personagem que merece destaque:
Saddam Hussein. O então diretor, Armando Guedes Coelho, corria
o mundo atrás de suprimento em plena segunda crise do petróleo.
Um de seus destinos mais visitados era o Iraque, que supria mais da
metade do petróleo que o Brasil importava. Armando teve a oportunidade
de conversar com o então vice-presidente iraquiano Saddam Hussein
não na língua inglesa, porque Hussein sempre
achou o inglês o mal da humanidade.
Esta fase caracterizou-se pela ênfase especial conferida ao
treinamento dos técnicos brasileiros e à contratação
de consultores estrangeiros, alinhados com as mais recentes tecnologias
de exploração e produção e, finalmente,
pela primeira descoberta realmente importante, realizada no mar da
Bacia de Campos, com o primeiro poço sendo perfurado em 1971.
Antes de concluirmos que o país não tinha petróleo,
ou que estávamos explorando em lugar errado, defendemos que
os nossos técnicos tivessem um pouco mais de fundamentação,
o que permitiu que nossos geólogos conhecessem os modelos que
os outros estavam usando, e verificar que existiam inúmeros
modelos, lembra Armando Guedes Coelho.
A ida para a Plataforma Continental baseava-se nos critérios
de continuidade das bacias terrestres costeiras e na analogia com
seus resultados ou indícios. Nesta época, estimavam-se
em 20 bilhões de barris as reservas de petróleo da plataforma.
Os grandes deltas da margem continental brasileira, como os da Foz
do Amazonas, São Francisco, Rio Doce, Paraíba do Sul
e Rio Grande, geraram grandes expectativas, especialmente pela influência
dos consultores americanos e pela analogia com os deltas do Níger
e do Mississipi. O Delta do Níger, no outro lado do Atlântico,
já contava, naquela época, com mais de 20 bilhões
de barris de petróleo de reservas.
Depois de Guaricema, foram realizadas mais 20 descobertas de pequeno
e médio portes no litoral de vários Estados. O critério
da continuidade respondeu discretamente, porém o critério
da analogia fracassou e os poços secos se sucederam na Foz
do Amazonas, Espírito Santo e Santos.
Bacia de Campos
Em 13 de agosto de 1977, era produzido o primeiro barril de petróleo
no campo de Enchova, na Bacia de Campos. Passados 26 anos e 3,7 bilhões
de barris de petróleo, a província é responsável
por mais de 80% do petróleo produzido no país. Graças
à Bacia de Campos, o Brasil economiza, diariamente, US$ 30
milhões valor que teria que desembolsar caso importasse
diariamente 1,2 milhão de barris.
Depois de 20 anos da fundação da Petrobras, tivemos
a grande alegria de descobrir a Bacia de Campos, o que mudou a história
da empresa. Desde 1975 as reservas nacionais só têm crescido,
comenta Shigeaki Ueki, então ministro de Minas e Energia.
Esses volumes de produção colocam a Bacia de Campos
em patamares superiores a vários países membros da Opep,
como Qatar, Síria, Yemen ou Gabão.
A Petrobras já vinha realizando atividades exploratórias
de reconhecimento na Bacia. Mas, depois de sete poços secos,
a empresa só não abandonou a área por insistência
do diretor Carlos Walter Campos Marinho. Com a perfuração
do oitavo poço o 1-RJS-9 em 1974, a primeira
descoberta importante acontecia no mar: o Campo de Garoupa. Estava
dada a largada para os constantes êxitos na exploração
offshore que hoje significa 84% do petróleo produzido
no país.
O País devia chegar à auto-suficiência,
mas a Petrobras precisava tomar atitudes para aumentar as atividades
em exploração e produção. Com a criação
da Braspetro e dos contratos de risco, a companhia adquiria experiência
internacional: os engenheiros que foram deslocados para outros países,
voltavam com outras alternativas em mente. E a Bacia de Campos é
uma demonstração desse fato, observa Armando Guedes
Coelho.
Nos anos seguintes, sucessivas descobertas deslocaram as atenções
e os investimentos para a Bacia de Campos. Após
a descoberta do campo de Garoupa, em 1974, a Petrobras ainda descobriria,
no ano seguinte, os campos de Pargo, Namorado e Badejo e em
1977 os campos de Bonito, Cherne e Pampo.
Foi lá que a companhia começou a desenvolver as tecnologias
de produção de petróleo em águas profundas
que a levou à liderança mundial. Até então,
as descobertas não traziam conforto afinal, não
eram campos gigantes como no Mar do Norte, situavam-se em lâminas
d´água superior a 200 metros e levariam anos para produzir.
Assim, a Petrobras instalou, pela primeira vez, um sistema de produção
antecipada, adaptando uma plataforma de perfuração semi-submersível
e quadros de bóias utilizados em terminais para a produção.
Outro marco importante foi a construção das primeiras
plataformas fixas de produção, mobilizando recursos
de engenharia e tecnologias até então inéditas
no País.
No final da década, a Bacia de Campos viu o início da
produção nos campos de Garoupa e Namorado, utilizando
manifolds e árvores de natal secas, encapsuladas em câmaras
submarinas mantidas à pressão atmosférica. O
sistema Lockheed, como era conhecido, foi considerado superado e definitivamente
abandonado em 1985 uma concepção tão futurística,
que até hoje não há um sistema como aquele.
|
construção do primeiro pólo
petroquímico no país
|
|
Foi quando o Governo promulgou o Decreto para criar base para
o desenvolvimento da indústria petroquímica
onde distinguia o campo de refino, para efeito de monopólio,
e o campo da indústria petroquímica. Em 1964, foi criado
o Grupo Executivo da Indústria Química Geiquim,
órgão vinculado ao Ministério da Indústria
e Comercio, mas que trazia representantes dos Ministérios da
Fazenda, do Exército, do Planejamento, de Minas e Energia,
da Agricultura, da Educação e Saúde, do Banco
do Brasil, do Banco Central, do Conselho de Política Aduaneira,
além da CNI e da Abiquim. Dentro do Conselho Nacional do Petróleo
CNP, foi criada também a Comissão Especial de
Petroquímica.
Mas é no final da década de 1960 que, efetivamente,
começam a ser implementados os grandes complexos petroquímicos
no país. O primeiro deles foi o pólo petroquímico
de Capuava / SP.
Constituída em 1966, a Petroquímica União, primeira
central de petroquímicos básicos do Brasil, apresentava
um arrojado projeto de implantação do maior complexo
petroquímico da América Latina, resultado do acordo
entre a Refinaria e Exploração de Petróleo União
que na época pertencia aos Grupos Soares Sampaio, Ultra,
Moreira Salles e a americana Phillips Petroleum.
Um dos pontos do projeto da criação da Petroquímica
União apontava o aumento da capacidade de processamento na
Refinaria União o que era vedado por lei com
a finalidade de atender à nova necessidade de matéria-prima.
Como a refinaria não conseguiu permissão para sua expansão,
o grupo empreendedor voltou sua atenção à Petrobras,
para garantir o fornecimento de nafta para o empreendimento.
A proposta apresentada também não era legalmente permitida:
a associação da Petrobras ao empreendimento. Para contornar
o problema, foi criada, em 1967, a Petroquisa uma subsidiária
100%, legalmente habilitada para participar de associações
minoritárias, conforme previa no seu Estatuto e o decreto 61.891/67,
que a criou. Em junho de 1968, a Phillips Petroleum desistiu do empreendimento
e entrou na Petroquisa.
Às vésperas de ser inaugurado, em abril de 1972, o Grupo
Ultra deixou o empreendimento, repassando suas ações
à Petroquisa como ditava o direito de preferência
dos demais acionistas. Com a necessidade adicional de recursos, a
Petroquisa aportou dinheiro e assumiu o controle da Petroquímica
União.
A implantação de uma indústria transformadora
de nafta em eteno, vislumbrada tanto por empresários do setor
de refino de petróleo quanto pelo governo, marca o início
da história do setor petroquímico brasileiro.
À mesma época, ocorreu a primeira completação
submarina, em lâmina dágua de 189 metros
recorde mundial em 1979. Também apareceram os conceitos de
monobóias e semi-submersíveis. Em 1982, foi registrado
outro recorde de completação submarina, desta vez
em lâmina dágua de 209 metros. No mesmo ano a
Petrobras iniciou a produção do campo de Bonito, com
o primeiro manifold submarino molhado conectado a uma plataforma
flutuante. No ano seguinte, teve início a compressão
de gás no campo.
Hoje, 36 campos produzem 1,26 milhão de barris de óleo
e 18,4 milhões de m³ de gás natural por dia.
Os números impressionam: são 14 plataformas fixas,
14 sistemas flutuantes de produção e nove FPSOs,
ligadas a 1.781 poços perfurados, 426 árvores de natal
e 56 manifolds sem contar 32 sondas de perfuração
e completação. E a Petrobras significou o fim da maldição
que Mota Coqueiro agourou sobre Macaé.
Downstream
No final da década, o Brasil produzia 165,5 mil barris diários
65% dos quais ainda em terra. A produção de
gás natural já atingia 5,2 mil m³/dia.
Como responsável pelo abastecimento nacional e ainda
sob a presidência do general Ernesto Geisel a Petrobras
inicia a ampliação do parque de refino. Em 1972 é
construída a Refinaria de Paulínia, em São
Paulo ainda hoje a maior do país. Dois anos mais tarde
seriam incorporadas as refinarias de Capuava e Manaus.
Em 1977 a Petrobras dava partida à Refinaria Presidente Getúlio
Vargas, no Paraná. Dessa década também constam
a criação das subsidiárias Petrofertil (em
1976, concebida para executar parte das diretrizes da política
nacional de fertilizantes), Interbras (também em 1976, constituída
como uma trading company com atenções voltadas para
aumentar as exportações brasileiras), e Petromisa
(em 1977, criada para atuar no segmento de mineração).
Em virtude principalmente do programa de substituição
de importações, pesados investimentos resultaram na
criação de dois novos pólos petroquímicos
no final da década.
A definição da localização do segundo
pólo petroquímico no país foi precedida de
uma polêmica discussão: ampliar o pólo existente
em São Paulo ou criar um novo complexo? Devido a uma política
de desconcentração da atividade industrial e econômica,
o Governo do Presidente Emílio Garrastazu Médici resolve
implantar uma indústria petroquímica na Bahia
assim nascia a Copene, com uma produção de petroquímicos
básicos já superior à Petroquímica União.
Na mesma época, são iniciadas as negociações
para a instalação de um terceiro pólo petroquímico
no país, desta vez no Estado do Rio Grande do Sul. Se por
um lado esses novos empreendimentos nasciam com capacidades superiores
à produção da PQU, por outro os estudos levavam
em consideração o aprendizado adquirido com a implantação
do primeiro pólo paulista.
Isso, sem contar o famoso modelo tripartite, onde o controle das
empresas era compartilhado, em proporções iguais,
pelo Governo Federal (através da Petroquisa), um sócio
privado nacional e empresas estrangeiras (que, normalmente, aportava
a tecnologia). Esse modelo, diferente do praticado em outros países,
pode ter causado alguns problemas como a criação
de empresas monoprodutoras e a fragmentação do setor
mas se mostrou bastante adequado para acelerar o crescimento
do setor petroquímico nacional.
Em 1978 é inaugurada a Copene, na Bahia, e em 1982 a Copesul
no Rio Grande do Sul. Com isso estava consolidado o setor petroquímico
nacional.
|
Anos 70 |
1971
criação do BR Distribuidora
1972
criação da Braspetro
inauguração da Replan
entrada em operação do primeiro pólo
petroquímico do país
1973
primeiro choque da petróleo
1974
descoberto o campo da garoupa, na Bacia de Campos
fundada a Agência Internacional de Energia
1975
abertura da exploração à iniciativa
privada, através
dos "contratos de risco"
lançamento do Proálcool
1976
é lançada a Revista Petro & Química
1977
iniciada a produção na bacia de Campos
confirmação da descoberta de Majnoon, no
Iraque
1978
descoberta de gás em Juruá/MA
inauguração do segundo pólo petroquímico
do país
1979
segundo choque do petróleo |
|
|
|
Ed. 252 - setembro de 2003
|
|
NA EDIÇÃO IMPRESSA
|
Petro&Química - Edição
252
|
Centésima patente da Braskem
Empresas devem investir US$ 600 milhões na ampliação
do pólo paulista
ChevronTexaco investirá US$ 1 bilhão no campo de Frade
Pesquisa avaliará indústria de plástico no
Rio de Janeiro
E muito mais...
|
|